Homenagem póstuma
Conta uma lenda Indiana que um príncipe, ao visitar seus domínios, encontrou uma bela mulher que dizia ser uma princesa de além das montanhas, cujo reino e família foram dizimados por inimigos.
O príncipe encantou-se com a beleza, a meiguice a história da princesa, tomando-a de imediato e levando-a para seu palácio, onde se casou com ela.
Mas a alegria do soberano durou pouco...Dores abdominais começaram a acompanhar-lhe todo o tempo e cada vez mais intensas, ao passo que o príncipe se sentia mais fraco a cada dia, sentindo que sua força vital esvaia-se.
A princesa da floresta ficava todo tempo ao seu lado cuidando dele e não permitindo a aproximação de mais ninguém.
Em um dia que, excepcionalmente, se sentiu melhor, o príncipe desejou caminhar pelos jardins de seu palácio e encontrou, embaixo de uma árvore, um sábio a dormir.
Ele convidou o homem santo a ficar em seu palácio, mesmo contra a vontade de sua bela e jovem esposa.
O príncipe contou ao sábio homem sobre suas dores e este por sua vez perguntou-lhe se havia contraído núpcias recentemente. Diante da afirmativa do príncipe o sábio calou-se.
Na noite seguinte, colocou uma porção extra de sal na comida da princesa e, sem que essa percebesse, trancou a porta de seus aposentos após ela se retirar para dormir.
Sentindo sede, a princesa tentou sair, mas encontrou a porta trancada. Havia grades nas janelas, então ela começou a esticar seu corpo por entre as grades até que se transformou em enorme e magnífica serpente, que passou pelas grades e dirigiu-se ao lago a fim de saciar sua sede.
Quando voltou, o sábio a aguardava com um machado de prata, com o qual conseguiu acertar a vil criatura, mas não de forma fatal.
O Sábio contou sua história ao jovem príncipe na manhã seguinte, mas esse não podia acreditar que a bela criatura por quem se apaixonara e desposara pudesse ser um monstro e que era responsável pelas dores abdominais que sentia, cada vez mais fortes, e pela fraqueza de sua carne.
Quando procurou pela princesa, pode vê-la com os braços cobertos por ataduras, mas ela explicou-lhe que havia se cortado com o espelho. A paixão do príncipe o cegou perante a verdade e ele acreditou nas palavras da beleza.
Mas o sábio tinha uma divida de gratidão com o príncipe e terminou por conseguir matar o animal vil e rastejante que se escondia dentro da beleza e salvou o príncipe da morte inevitável.
Como o sábio fez para matar a criatura?
Não importa.
O que importa aqui é termos sempre a consciência de que, muitas vezes, pode ser muito difícil diferenciar a beleza da monstruosidade...
De como a maldade e a perfídia podem se esconder atrás de belos sorrisos, cuidados extremados e carnes belas...
Isso foi o que me aconteceu e desejo dividir com os possíveis navegantes destas paginas, para que não sofram o que sofri...Encontrei o Príncipe que quase me tirou a vida, e que conseguiu me ludibriar com seus falsos sorrisos e palavras, cuidados extremados que serviam apenas para despistar o sofrimento que me acometeu e que na verdade era um monstro que se escondia atrás da beleza e da delicadeza de seus gestos e palavras.
Adeus Príncipe. Esse texto e todo seu.
Em seu nome o escrevi, pensando em você pela última vez e aqui o enterro.
Nasceu como belo príncipe perante minha alma crente, mas agora e enterrado tal qual o monstro que era desde o príncipio.
Que os demônios o carreguem em suas asas para o inferno de onde nunca deveria ter saído e que possa ter uma eternidade de sofrimentos por lá...
Não porque desejo isso, mas porque essa e uma das poucas e imutáveis leis do universo. A Lei do Retorno.
“Que assim seja e assim se faça”.
ruiv@
5 Comments:
Me identifiquei e me comovi com sua história de amor. Os sentimentos de certos homens têm a profundidade de uma poça d'água. Esses homens não merecem uma única lágrima. Eles são infantis, volúveis. Eles vendem uma imagem que não corresponde ao que realmente são e fazem isso porque são conquistadores baratos, porque colecionam mulheres como se fossem troféus. Se precisam disso é porque eles mesmos não se garantem como homens. De nada adianta uma bela estampa se o conteúdo não está à altura.
Agradeco seu comentario e ele me faz lembrar de um antigo ditado, medieval, diga-se:
"Por fora, bela viola;Por dentro, pao bolorento".
rs
Beijos a vc.
vc não precisa disso...
abs.
Precisar nao preciso meu querido, mas e catartico.
Escrevo como forma de exorcizar minhas dores e meus demonios.
Fui enganada, ludibriada. Nao posso calar-me.
Ja pertenci a vc e nao tivemos problemas apos nossa separacao.
Mas esse rapaz e uma vibora e eu preciso dizer isso...se nao me sufocaria em minha decepcao.
Bjs saudosos.
As vezes me pergunto, quem enganou quem?
Moça ruiva, acompanho tua dor distante, pq sei que vc não quer conselhos de ninguém, e em ti me enxergo como há um ano e meio atrás. Dor de paixão é dolorida, mas passa igual agua da chuva. Teus estágios são reconhecidos por mim, eu reconheço o seu ódio. Mas está mais do que na hora de você perguntar a vc mesma, quem é q eu odeio: ele por ter supostamente me enganado ou eu por ter me deixado enganar?
Espero que encontre logo os nomes certos para seus sentimentos. Quando souber nomeá-los e conseguir entender pq e de onde vem, terá crescido ainda mais.
Não me pertence sua dor, mas espero que aprenda com ela!
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