Meus Eus - Porque a alma e feita de versos...

Memórias, divagações, poesias, sorrisos e lágrimas de um alguém como você....

31 julho, 2006

Aqui jaz

Perpétua jaz morta

Quando a alegria para
A ilusão se refreia
O pensamento trava
As idéias se enleiam

Quando o rosto empalidece
O coração acelera
Unense as mãos em prece
A saudade dilacera

Quando a mente se abre
A lágrima brota
Viaja-se sem rota

Quando o sangue é amargo
A fé perdida
A solidão acolhida
Desiste-se da verdade da vida

Quando se perde a confiança
Dói a desilusão
Vê-se o demônio na face da criança
Não pulsa de verdade o coração

Quando as órbitas dos olhos
De sangue se injetam
Ansiedades já não restam

Quando a dor no peito não cabe
E sofre-se a dor da troca
E sinal que é chegada à hora
De ver que a alma jaz morta.



lena_dimens_ruiv@

Inexistência

Inexistência

Existe um ser frágil
Pronto a acreditar
Pronto a se enganar
Existe um espírito
Pronto para mostrar
Feito pra enganar
Existe um vazio
Para ser notado
Existe outro lado
Para ser revelado
Existem as pessoas traídas
Existem nos olhos da ira
E quantos hão de existir
E eu não existo ainda



ruiv@

29 julho, 2006

Em paz


Hoje estou em paz.
Em paz comigo.
Em paz com o que sinto.
Em paz com a vida.
Hoje eu fiz as pazes com D’us.
Hoje não tenho mais saudades da ruiva...
Porque hoje eu voltei pra mim.



ruiv@... em paz ^^

26 julho, 2006

Dadivosa



Dadivosa
Ana Carolina

Que bom se eu fosse uma diva
Daquelas bem dadivosas
Que sai vida entra vida
Ficasse ali verso e prosa

Meu olhar beirando estrelas
A provocar sinfonias
Por todas as galerias
Imagens da minha história

Me atirava do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair.
Era lindo mais eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos...

E no instante preciso

Entre o mito e o míssil
Um rito, um início
De passagem pro infinito

Aquela gente encantada que chegava e seguia.
Era disso que eu tinha medo.
Do que não ficava pra sempre.

Que bom se eu fosse uma diva
Daquelas bem dadivosas
Que sai vida entra vida
Ficasse ali verso e prosa

Meu olhar beirando estrelas
A provocar sinfonias
Por todas as galerias
Imagens da minha história

E no instante preciso
Entre o mito e o míssil
Um rito um início
De passagem pro infinito


ruiv@
Ps* Como as coisas que a Ana cria e/ou refaz me tocam...

Dois Bicudos


Dois Bicudos
Ana Carolina

Quando eu te vi andava tão desprevenido
Que nem ouvi tocar o alarme de perigo
E você foi me conquistando devagar
Quando notei já não tinha como recuar

E foi assim que nos juntamos distraídos
Que no começo tudo é muito divertido
Mas sempre tinha um amigo pra falar
Que o nosso amor nunca foi feito pra durar

Por mais que eu durma eu não descanso
Por mais que eu corra eu não te alcanço
Mas não tem jeito eu não sei como esperar
Desesperar também não vou
Não vou deixar você passar
Como água escorrendo nos dedos
Fluindo pra outro lugar


Ninguém pode negar que o nosso amor é tudo
Tudo que pode acontecer com dois bicudos
Não são tão poucas as arestas pra aparar
Mas é que o meu desejo não deseja se calar

Até os erros já parecem ter sentido
Não sei se eu traí primeiro ou fui traído
Não te pedi uma conduta exemplar
Mas é que a sua ausência é o que me dói no calcanhar


Por mais que eu durma eu não descanso

Por mais que eu corra eu não te alcanço
Mas não tem jeito eu não sei como esperar
Desesperar também não vou
Não vou deixar você passar
Como água escorrendo nos dedos
Fluindo pra outro lugar

Será sempre será
O nosso amor não morrerá
Depois que eu perdi o meu medo
Não vou mais te deixar


ruiv@

25 julho, 2006







Hoje, especialmente, lembrei-me de uma poesia que gosto muito.
Indiferente ao meu choque e aos que me são queridos, tentando ser indiferente ao choque que me toma agora, tentando ver por outro lado esse mundo louco em que vivemos hj....
Porque hoje essa ruiva sentiu o cano de uma arma na sua nuca. Assalto a mão armada. Talvez normal, ou ao menos, nao tão anormal para quem mora em um grande centro.
Mas foi traumatizante para essa ruiva.
E passar por isso duas vezes em menos de um ano...
Ter que abracar a amiga de trabalho, que chorava em pranto sentido e doido porque não entendia o que se passou.
E você, mesmo moida ali, por doenças na familia e dores internas, se vendo a abraçar e consolar. Hoje vi que posso ir além de mim.
Eu, para ser sincera, entendo e nao entendo.
Entendo que nosso mundo e louco, mas nao entendo porque "nós".
Eu sei...coisa de gente pequena, mas não entendo porque nós.
Mas, como "pouca" sempre é bobagem...veio mais essa a acrescentar mais uma emoção louca ao turbilhão que se transformou a alma dessa ruiva.
E ai vai a poesia de que me lembrei...

Debut

Um tiro. Um grito.
Um garoto caçado e abatido
Em sua noite de debutante,
Durante a valsa do assaltante.
Posa para os fotógrafos
Estendido na calcada,
O relógio do assaltado
Retido na mão fechada.
Tentou sorrir mas doeu.
Tentou falar mas não deu.
Tentou viver, mas morreu
Como barata nociva
Babando sangue e saliva
(Um mendigo honesto
atira-lhe rosas vermelhas
colhidas no lixo do edifício...)

A sociedade respira aliviada
E brinda com champanhe
A eficiência armada.

Jorge domingos


ruiv@

24 julho, 2006

?


Por quanto tempo será possível alguém permanecer triste?
Quantas lágrimas devem ser derramadas para que uma alma seque?
De que será feito esse fio que, mesmo tão fino, não arrebenta?
E liga minha mente a imagens do passado, cria imagens no futuro.
Que força invisível e essa que é capaz de calar quem sempre gostou tanto de falar, e fazer chorar quem sempre adorou sorrir?
Que dor e essa que decidiu habitar meu corpo e parece decidida a não sair nunca mais?
Tenho tantas saudades de mim...
ruiv@

22 julho, 2006

Tempo

Algumas pessoas dizem que o tempo cura tudo.
Que o tempo nos faz esquecer.
Eu não acredito nisso.
Acho que apenas fingimos que não lembramos mais...
Eu não finjo.
Lembro-me de cada momento passado.
Passado...
Passado que aqui não passou.
E que tem um canto especial, entre tantas memórias que trago comigo, em meu cemitério corporal.

ruiv@

21 julho, 2006

Vrolok



Vrolok


O senhor da guerra traz a história
de um povo milenar coberto de glória.
Povo que já viu os Cárpatos vermelhos
e lutou bravamente com coragem, sem medos.
Buscou inspiração sob o luar
e tingiu planícies com sangue magiar.

Talvez tenha herdado de seu antigo senhor
o olhar que incandesce aquilo que toca.
As mãos hábeis que para os homens é pavor
Mas que, em nós mulheres, o prazer evoca.

Nunca em minha vida acreditei em magia,
até sentir tua pele quente, gostosa, macia.
O que guarda seu olhar de fera
que aceita o destino e por ele espera?

Seria um demônio entediado na noite vagando?
Ou um negro anjo em busca do paraíso perdido?
Só sei que minha mente você segue dominando,
despertando completa e totalmente minha libido.

Tal qual um vrolok me paralisa
e minha vontade, contra mim, conspira.
Vontade e desejo próprio parecem me abandonar.
Faço tudo que vossa alteza ordenar.

Os olhos sombrios, os negros cabelos, a pele alva,
e os braços que levam luz e solidão,
é a perigosa combinação que me tira a calma,
Arrepia-me, me asfixia, em total contemplação.

Que poder é esse que você emana
que deixa minha pele completamente em chamas?
É benção, maldição ou praga
esse desejo de me perpetuar tua escrava?

Ser dominada até o mais íntimo do meu ser,
como com o inimigo fazia Vlad, o temível,
não seria vergonhoso, mais um inenarrável prazer.
Dos meus sonhos talvez o mais inconcebível...

Ah! Mas que mulher não enlouqueceria!
E a esse homem único não se entregaria!
Do resto dos meus dias abriria mão,
por uma única e inesquecível noite de paixão.

Pena não ser um vrolok de verdade...
Que indescritível prazer seus caninos em minha jugular.
Tente conceber tal grau de lealdade:
morreria pelo puro prazer de te alimentar.

Seus olhos e mãos não fariam serviço mais perfeito
do que o feito magistralmente por suas palavras em meu peito.
Meu destino agora de seus caprichos depende,
Não importa quanto um outro homem tente.

O senhor da guerra chega silencioso
altivo, belo e deliciosamente pretensioso.
Vrolok irresistível, não tenho escolha lhe pertenço.
Posto-me aos seus pés nua, sem pudores ou bom senso.
O que me ordenar, sem pesar ou pensar farei,
mas por hora, em herético êxtase, me calarei.







Lena_Dimens_ruiv@

Espera.




E chega outro FDS.
E novamente o telefone começa a tocar, amigos procurando.
Os amigos de nosso círculo de São Paulo, particularmente animados, com uma festa anual.
E essa ruiva aqui, quietinha.
Não vou sair, não vou a festa alguma.
Vou ficar aqui, como no último FDS, com minhas músicas e minha taça.
Porque como diz aquela canção: “Onde quer que eu vá, o que quer que eu faca, sem você não tem graça”.
E muito pior seria ver os amigos nessa comemoração especial. Porque me lembraria imediatamente “Dele”. Porque o ambiente me remeteria a "Ele".
Porque ate menos de um mês o plano era irmos juntos a essa festa.
Mas os caminhos nem sempre são como planejamos ou desejamos não é mesmo?
Tudo bem...Haverá outra festa no próximo ano e nessa espero estar com “Ele”.
Enquanto isso, eu fico por aqui mesmo, ruiva quietinha, calada, com sua taça, suas músicas e suas memórias.
Porque aqui em minhas memórias “Ele”, assim como nossa história, esta mais vivo e presente do que nunca.
Esperando...

ruiv@

20 julho, 2006

Como não lembrar?


"Tuas Cartas"
Maria Carolina Wanderley


Relembro as tuas cartas uma a uma,
Em minha mente todas se gravaram
Não encontro uma só que não resuma
Tudo o que nossos lábios já trocaram.
Tu me escrevias sempre; vez nenhuma
A sua falta os olhos meus choraram.
Morria o sol do estio ... vinha a bruma,
- E as tuas cartas nunca me faltaram.
Hoje os dias se passam lentamente
Que me escrevas espero ansiosamente,
Mas com que mágoa vejo que emudeces...
Termina esse silêncio que crucia,
É que me vai trazendo dia a dia
A certeza cruel de que me esqueces!


ruiv@

Life

Três semanas.
Três semanas sem ti.
Três semanas sem norte.
Três semanas sem sorrisos.

Três semanas aqui, sem ter para onde ir, sem ter com quem ter que conversar, sem ter porto ou partida.
Três semanas apenas na esperança da tua volta, que sei que virá.
E sabe porque sei?
Porque meu peito, minha mente, minha pele e minha carne gritam isso:
“Espere”.
E eu espero...Porque não há mais o que fazer.
Poderia voar de encontro a outros, mas minha alma pede agora o que ela quer, e ela quer o seu calor. Só o seu.
Ela deseja suas mãos, sua boca, seu hálito, sua pele, sua alma, seus desejos, sua mente, ela te deseja e sabe quem é o Senhor de mim.
Ela sabe e me sussurra aos ouvidos a todo o momento: “Espera porque sua busca não foi vã”.
Ela sabe que isso, e apenas isso, porá fim à dor. E eu também sei.
Por isso espero...Espero pela tua volta.
Meu príncipe e meu dragão, meu salvador e meu algoz, por ti espero.
Espero...


Life - Siam Shade

Ayubumedo mada tooku hateshinai michi naki michi wo yuku
Anyway fuan idaki tesaguri de samayoitsuzuketeru
Tooku mitsumetemo shiawase wa otozure wa shinai
Tada sora wo miagetemo shiawase wa furisosogi wa shinai

Kattou shite kattou shite kattou shite tsukare hate nemuttemo
Mezamete me ga samete me wa samete hi ga mata noboru
Tamerai mo tomadoi mo hajirai mo
uketomete
Jounetsu ni mi wo nagete hateru made hohoemi wo...
Dare yori suki na kimi yo

Hakanaku saite tasogare chitte omoitsunotte sweep away
Taguriyosete tsukamikakete furete wa yureteru one-sided love

Dore hodo no michinori wo kono ashi de aruite kita no ka?
Yume ni dore kurai kono inochi sogiotoshite kita no ka?
Kaze wa kyou mo mata ashiato wo fukikeshite yuki
Koko ga doko ka nan na no ka dare na no ka wakaranaku saseru

Tachidomari furikaeru jikan sae ano sora ni ochiru
Chikazuite chikazuite chikazuite ano sora ga ochiru
Chikazuite chikazuite chikazuite chikazuite...
Chikazuite chikazuite chikazuite chikazuite...
Utsukushiki shi to hibi yo

Taiyou ni me wo tojite eien wo yume ni mite
Eien ni nemuritsuku kaidan wo agaru dake

So faraway so faraway so faraway so faraway
So faraway so faraway so faraway so faraway
So faraway no faraway so faraway no faraway



Life (tradução)
Siam Shade

Ainda longe em passos calculados eu caminho na estrada sem fim
De qualquer modo, eu aceito minha ansiedade e continuo vagando
Eu encaro a felicidade distante que não me visita
Mas simplesmente olhando para o céu, não fará a felicidade cair dele

Em conflitos, em conflitos, em conflitos, dormindo exaustivamente
Acordando, abrindo os olhos, olhos abrindo para o dia ascendente
Hesitação e confusão, aceitação e timidez
Jogando meu corpo para a paixão, até seu sorriso acabar…
Eu gosto de você mais do qualquer coisa

Os pensamentos amorosos que momentariamente desabrocharam, foram espalhados no escuro, varridos para longe
E o ultimo movimento agarrante da mão manipuladora, toca um instável amor unilateral
Por quanto tempo tenho que andar esta distância, com estes pés, para chegar?
Nesta vida, num sonho fraco decadente, agora o suficiente para chegar?
Os ventos de hoje continuam apagando com um sopro o caminho das suas pegadas
Onde é “aqui”? O que é? Quem é? Não consigo me fazer entender

Parando, descendo para devolver o tempo ao céu decadente
Aproximando, aproximando, aproximando àquele céu decadente
Aproximando, aproximando, aproximando, aproximando…
Aproximando, aproximando, aproximando, aproximando...
Todo dia vem uma morte esplêndida.

Eu fecho os olhos no Sol, olhando para o sonho eterno
Anexado ao sonho eterno, eu apenas subo as escadas
Tão longe Tão longe Tão longe Tão longe
Tão longe Tão longe Tão longe Tão longe
Tão longe Não tão longe Tão longe Não tão longe

ruiv@

19 julho, 2006

O Rio


O Rio - Ana Carolina

Eu vou atravessar o rio a deslizar
Que me separa de você
O tempo atravessa em meu lugar
E deixo pra depois o que eu tinha que fazer
O destino aceito sem dizer sim ou dizer não
Sem entender
E fica a sensação
De saber exatamente porque mentir
Eu sei de onde vim e pra onde irei
Mas com você fico sem saber onde estou
Nós dois que se quer nos parecemos
E não cabemos num mesmo espelho
Mas nos olhamos toda manhã
A ferrugem mesmo pouca corrói os trilhos As ruas nos atravessam
Sem olhar pro lado estou em você
E fica a sensação de saber exatamente porque mentir
Eu sei de onde vim e pra onde irei
Mas com você fico sem saber onde estou
Eu vou atravessar o rio a deslizar
Que me separa de você


ruiv@

Fica



Fica

Cai no abismo,
no abismo do medo e do risco.
Ele então chegou.
Tirou-me, me salvou.
Deu-me vida.
Disse-me que de tudo sabia.
E que agora iria me fazer voltar.
Usou suas mãos para me içar.
Saturou-me com palavras e beijos.
E a alma sumiu entre leitos.
Só ficou o corpo, o coração, alegria.
Mas ele me deixou.
Deu-me agonia.
Deu-me tudo.
Ate o que eu não queria.
Quando procurei nada existia
Só uma carcaça, uma apatia.
E assim voltei a cair no abismo
No abismo do medo e do risco.
Mas agora nada de vida e salvação.
Nada de palavras e beijos.
Somente a solidão
grande, imensa, inimiga.

Mas ele voltou
E sem me saturar me salvou
Só o fato de estar
e a esperança de ficar.
E ficou, me tirou, me salvou.
Ficou, ficou, ficou.
Nunca mais voou...

Lena_Dimens_ruiv@

16 julho, 2006

Red angel


Há algum tempo atrás um amigo, muito querido, costumava me chamar de red angel...anjo vermelho.
Pois hoje esse anjo nao tem mais asas...foram arrancadas.
Mas isso nao faz diferença.
Porque esse anjo nao deseja mais voar.
Por mais que o chão sujo da Terra dos Gigantes me cause nojo, prefiro toca-lo com meus pés a tentar voar novamente.

ruiv@

Cínica

CÍNICA

Hoje eu já me basto.
Não busco o acalanto depois da dor
Recuso o lenitivo
Como a fera que saiu do embate
E lambe as feridas para se curar
Não sonho
Não busco a ilusão de uma fantasia
Resguardo-me
Os pesadelos são mais doces
Porque trazem a paz ao se despertar
Não espero
Ofereço o que buscam e precisam
Sacio-me
E assim estamos quites
Ninguém deve mais nada a ninguém
Não sofro
Em algum lugar perdi essa delicadeza
Fortaleço-me
Entrego o corpo ao flagelo e as delícias
E escondo a alma para não vergar


Lorena do Rio

ruiv@

Para ti...Thi


Eu me liberto
Tu te libertas
Aceito tuas descobertas
Reconheco portas abertas
Sei o quanto estão certas.

Andre Cabelo

ruiv@

Depois


Depois que um corpo
comporta outro corpo nenhum coração
suporta o pouco.

Alice Ruiz


ruiv@

Leminski


Ja me matei faz muito tempo
Me matei quando o tempo era escasso
E o que havia entre o tempo e o espaço
Era o de sempre
Nunca o mesmo sempre passo

Morrer faz bem à vista e ao baço
Melhora o ritmo do pulso
E clareia a alma
Morrer de vez em quando
É a única coisa
Que me acalma

Paulo Leminski
ruiv@

15 julho, 2006

A princesa e o dragão.



Havia guardado essa imagem para usar em uma ocasião especial...
ocasião essa que não chegou.
Mas como disse Mário Quintana uma vez:
"A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer".
Então...que fique a imagem apenas.
Eu nunca quis muito.
Eu apenas queria ser salva do dragão.
"Eu gastei tudo que eu tinha
A ilusão que me mantinha
Só no palco eu era rainha
Despiu-se o reino acabou"
Fernando Pessoa


ruiv@

A Guerreira e o Senhor do Portal


Uma amiga querida postou um lindo texto em uma das listas de que participo. Ele me tocou particularmente e agora o coloco aqui...
Ela me disse que quando o leu pensou em mim. E essa ruiva, lendo esse texto, pensou em muitas coisas.
Obrigada pelo presente Lu Ynaiah, que você sempre esteja coberta de luz.


A GUERREIRA E O SENHOR DO PORTAL

Tudo é descontinuado, tudo é arido e estranho,
Não encontro os ecos das palavras que pronuncio
Não vejo a sombra das árvores que plantei

"Ó Criatura insana!...
Então esperas encontrar o que
Te é de direito neste mundo em que vives?
Estás no mundo errado!
O mundo que te cerca não é real
E se o tens como verdadeiro,
Descobres que ele não o é
A cada resposta que recebes.
Ninguém e nada te dará felicidade
Neste mundo onde vives
Serás sugada com volúpia pelos egos
Viciados dos seres que nele habitam"

Sei que não poderei adiar por muito tempo
A partida, terei que virar a página
Numa despedida definitiva e seguir estrada,
não para o teu mundo, seguir a minha estrada...
Sei que a cada decepção a hora se aproxima
E não mais ouvirás estas minhas queixas,
Nem saberás o que estarei pensando
E não poderás mais me chamar de insana,
Pois não me ouvirás e nem eu te ouvirei...
Serei eu só, com a minha verdade,
não quero a tua, nem a de ninguém.
Tu, ó Senhor do Portal não podes me ajudar,
Mas também nada a ti pedirei, não te iludas...

"Nada tenho para te dar criatura,
Pois o que queres já tens.
Tens todas as chaves, podes abrir as portas
Por onde quiseres passar, mas tu não as usa.
Esperas encontrar as portas abertas,
E esqueces que tu mesma possui as chaves
Para abri-las, e também para fechá-las... "
"Lembra que para que uma porta se abra
Primeiro tens que fechar a outra.
Esta é a regra e tu sabes disso!
Mas tu não tens coragem suficiente
Para fechar a porta...
Então permaneces parada
Frente à nova porta que queres ultrapassar,
Esperando que ela por si, se abra para tu passares...
Pensas que as tuas lágrimas a farão se desintegrar.
Causas-me riso aprendiz de guerreira..."

Sei que tenho que fechar primeiro a porta,
E o momento se aproxima...
Sei que me ouvirás por onde eu for,
E sabes que gosto de ti.
Não confessas, mas gostas de mim.
És incisivo nas verdades, porque me amas.
Provocas-me e sorris, porque sabes
Que terei novas batalhas a enfrentar.
Tu continuarás a ser o Senhor do Portal,
Dirás que já me destes todas as chaves

Relembrarás as regras...

Preparo a partida, não está longe,
Terei que fechar a porta, deixar tudo para trás.
Fecharei a porta e nesse momento ela se desintegrará...
Adeus Senhor!...
Até o próximo Portal



Desconheco a autoria.

ruiv@

Talmud.


O Talmud é um livro onde se encontram condensados todos os depoimentos, ditados e frases pronunciadas pelos Rabinos através dos tempos. Existe um que termina dizendo o seguinte:
"Cuida-te quando fazes uma Mulher chorar, pois Deus conta as suas lágrimas. A Mulher foi feita da costela do Homem, não dos pés para ser pisada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado para ser igual. Debaixo do braço para ser protegida e do lado do coração para ser amada".
ruiv@

A Função da Arte

Sempre admirei aqueles escritores que tem o dom de tocar nossos corações com suas mãos.
Hoje, quando acordei, me lembrei de uma poesia que amo e que, por mais que leia, sempre me traz lágrimas aos olhos, tamanha intensidade e beleza que sinto em cada letra.
E aqui vou dividir com voces, esperando que possam sentir o que sinto quando a leio.


A função da Arte

Diego não conhecia o mar.
O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos.
E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

"Me ajuda a olhar!"

Eduardo Galeano


ruiv@


A mulher imita o infinito, nas proporções, nos segredos, na imensidade dos sentimentos.
Joaquim Manuel de Macedo
ruiv@

14 julho, 2006

Pedacos.


Noite de sexta.
Há apenas duas semanas o plano era estarmos juntos na noite de hoje, comemorando o aniversário de uma amiga querida.
O plano era estarmos juntos e felizes.
O plano era outro.... apenas duas semanas.
O plano era julho juntos.
Mas hoje é noite de sexta e eu... ainda triste aqui.
Talvez mais triste porque hoje “Ele” esta indo e não sei se voltará.
Sim...”Ele” voltará, mas não sei se voltará para mim.
Poderia sair, me divertir, rir com meus amigos. Agora eu posso fazer o que quiser.
Mas eu não quero.
Prefiro ficar aqui...Comigo.
Eu, meus livros, minhas musicas, meus pensamentos e minha taça de vinho.
Cercada pelos meus prazeres que hoje não me dão prazer, mas que me confortam.
E depois que não houver mais lugar para o vinho, quando as musicas me cansarem, quando eu não conseguir focar as letras dos livros...Vou me deitar.
Porque minha cama me aguarda, com meus cobertores, meus travesseiros e aquela peça de roupa “Dele” que dorme comigo todas as noites desde que "Ele" me presenteou com ela.
Dormirei na mesma cama que já pude dividir com "Ele" e que, inivitavelmente, olhando a minha direita ("Ele" gosta de dormir do lado direito...rs) me lembro dos cabelos "Dele" espalhados em um de meus travesseiros.
Travesseiro esse que e tratado com carinho singular porque guardou para essa ruiva pedacinhos "Dele". Os pedacinhos “Dele” que guardei comigo.
Então ficarei sem o vinho, sem os livros, sem as musicas...Mas com meus travesseiros e o pensamento indo com “Ele”, com o cheiro dele e um pedacinho dele.
Saudades de ti...Thi.

ruiv@

Paixão.



Paixão

Ah! Paixão...
Que transforma, modifica
Vasculha o sonho que habita
Traz vontades reprimidas
Da falsa cor as mentiras

Ah!Paixão...
A esperança vã se cria
Falso sonho de alegria
Da melhor nome a hipocrisia
Julga quente a alma fria

Ah! Paixão...
Verdades raras, muitas mentiras
A fria e velha mesquinharia
A eterna e conhecida melancolia
Onde esta aquela euforia?

Ah! Paixão...
Amores imortais morrem
Tumbas corporais se constroem
As ruínas-feridas doem
Os deuses se tornam homens

Ah! Paixão...
O ser de que não se desiste
Ver o que já não existe
Até que a ilusão não resiste
Embriagar-se de sonho é triste

Ah! Paradoxos e antíteses
Redundâncias e polissíndetos
Eternos amantes da paixão...



Lena Dimens_ruiv@

13 julho, 2006

Saudades.

Hoje me sinto cansada.
Já se sentiu assim? Muito cansado?
Sem vontade de nada, sem vontade de falar, sem vontade de ouvir, sem vontade de ver, apenas uma vontade de dormir, dormir, dormir...Ate não mais poder.
Estranho isso em mim. Eu estranho isso em mim.
Nunca me entristeci, nunca me cansei, poucas vezes chorei (menos ainda por mim), sempre tive um sorriso pronto e verdadeiro para tudo e todos e nunca fiquei calada por tanto tempo.
Sempre fui tão ativa, milhões de idéias, amigos a toda hora ao meu redor, e eu sempre ali, ajudando, levantando.
Mas agora não consigo fazer isso por mim.
Hoje só estou calada e cansada, muito cansada.
E com muitas saudades de mim.

ruiv@

Ps* Duas semanas.

Epitáfio



Amor...
Sentimento louco, absurdo, rouco.
Quando recíproco
tão quente, vibrante, latente,
atos inconseqüentes, a alma adolescente.
Quando de um lado só
triste, frio, obscuro,
pumbleo, oprimido, duro.
Solidão, apreensão, sofrimento.
A cabeça flutua sem pensamento
e o coração pesa, rasteja, chora.
Saída não vejo em tal situação,
quando o coração esta em avançado estado de putrefação
Mas a única saída
quando o sangue a alma corta
é fazer da morte a porta.
Aqui jaz: alma morta...


Lena Dimens_ruiv@

12 julho, 2006

Bolero




Se não fosse esse nossoImenso e difícil amor
Não fosse esse abismo entre nós
Eu te convidava a dançar
O meu ultimo bolero.

Texto de Antônio BivarExtraído do Disco Drama 3°Ato - 1973



ruiv@

Hoje é tempo.



Hoje é tempo.
Tempo em que minha vida se resume em ter preferência por tudo que é mórbido, para me sentir único entre os homens.
Em meu ventre cresce o feto da xenofobia, me corroendo as entranhas, me corroendo até a alma, aumentando meu ódio contra os afrescos em que se transformam as vidas alheias, vidas invejadas, vidas iluminadas.
Passado distante de minha própria vida...
Passado deveras remoto.
Presente púmbleo, oprimido, duro.
Futuro opaco, fechado, obscuro.
Degustar a morte-vida como o vinho macabro de uma safra de mal, de angustia e amargor, tudo causado por excesso de amor...
lena_dimens_ruiv@

Me espera adormecer...



Zélia Duncan - Não Vá Ainda

O que você quer?

O que você sabe?

Não é fácil pra mim
Meu fogo também me arde
Às vezes me vejo tão triste

Onde você vai?
Não é tão simples assim
Porque às vezes meu coração não responde,
só se esconde e dói

Por favor não vá ainda, espera anoitecer
A noite é linda, me espera adormecer
Não vá ainda, não, não vá ainda

Me diga como você pode viver indo embora, sem se despedaçar
Por favor me diga agora, ou será
Que você nem quer perceber?
Talvez você seja feliz sem saber.

Por favor não vá ainda, espera anoitecer
A noite é linda, me espera adormecer
Não vá ainda, não, não vá ainda
Por favor não vá ainda, espera anoitecer
A noite é linda, me espera adormecer
Não vá ainda, espera anoitecer

ruiv@

11 julho, 2006

Adolescente.




Adolescente...
É exatamente essa a palavra. É assim que sinto.
Algum amigo, não identificável, comentou isso sobre os textos dessa ruiva e acabou por dizer uma verdade incontestável.
Não sobre os textos, mas sobre mim.
Eu sou assim...
Antes de conhecer alguém, antes de quaisquer coisas, sou arisca.
Pose de fêmea-fatale, olhos felinos que espreitam como que a caçar, mas movimentos fugidios quando sinto que se aproximaram demais.
Desconfiada por natureza, duvidosa, um tanto quanto cínica.
Sou assim antes...
Mas depois que abro minha alma esqueço-me da geminiana em mim. Depois que abro minhas pernas me toma a canceriana.
Apaixonada, moleca, risonha e fácil.
Não mais a tigresa me habita, mas sim a cadela que gosta de se achegar e pedir carinhos ao Dono, que mesmo depois de chutada ainda abana o rabo e fica feliz na presença dele.
Que se farta com um simples afago na cabeça.
A mulher de cabelos de fogo e olhos de pedra, como que a olhar o mundo "de cima" transforma-se na cadela-menina que olha, e aprecia, olhar de "baixo".
Demoro a me apaixonar, mas quando o faço deixo que todo meu coração seja tomado.
Não sei gostar como outros...Pesando prós e contras, medindo riscos, quantificando sentimentos ou tentando esconder o que há e demonstrar o que não há.
Sou o que sou...Mesmo que por muitas vezes deseje não ser...
Muitas vezes gostaria de ser a dita “mulher-madura”. Gostaria de poder apenas acenar um adeus e sentir que todos os cordões foram rompidos e caminhar em busca das próximas mãos que supostamente me tocariam a pele.
Mas não sou assim...
Sou tola o bastante para ter ojeriza a outro toque enquanto meu corpo ainda pede certas mãos de músico...E tola o bastante para temer outras mãos por um longo período enquanto meu espírito pede luto.
E não sei disfarçar o que me vem a alma depois que as comportas foram abertas...Fico quase translúcida quando dolorida. Não e necessária grande atenção para perceber o que trago em meu ser.
Sou assim: Casca de mulher, mas olhar de adolescente até não poder mais.
Daí também o nome desse canto... "Meus Eus”...Porque é isso mesmo.
Eu não sou uma..Sou muitas. E todas nesse momento sentem saudades e dores...mas isso é outra história...
Mas algo é absoluto em todas que me habitam: Só quem me observa no espelho percebe o grito de amor que ecoa dos meus olhos...
ruiv@

09 julho, 2006

Horas...


Por vezes não sei bem o que desejo.
Se desejo que o relógio apresse seu ritmo para que o amanhã chegue logo.
Se desejo que o relógio pare para que o amanhã nunca chegue.
Mas os ponteiros que vejo não modificam seu ritmo incessante, mecânico, torturante.
Tic tac tic tac tic ...
O relógio a minha frente me diz que minhas duvidas e desejos não tem a mínima importância por que eles não afetarão o ritmo das coisas.
Que não modificarão nada. Que não detenho o poder de materializar meus sonhos nem tampouco modificar as coisas...Que eles não diminuirão ou apressarão seu ritmo por mim.
Ele me diz que minhas duvidas e desejos não alterarão nada...Ele me diz isso com seu incessante tiquetaquear.
Meus olhos procuram, por menos que eu queira, pelos ponteiros a toda hora em uma cega e deseperada busca por respostas, que tambem nao sei ao certo se desejo obter.
E fico aqui a observar seu lento, mas incessante movimento...Seus giros que o levam sempre à frente, mas que o fazem passar repetidas vezes pelo mesmo ponto.
Assim como eu, que corro, me escondo, me afogo, vôo, mas volto sempre a passar pelo mesmo lugar...
Então me basta apenas ficar aqui...E fico.
Mas questiono o tempo:
Senhor Tempo, o que esta se aproximando de mim?
Senhor Tempo, o que esta sendo impelido em minha direção?
Senhor Tempo, o que os ventos estão me trazendo?
Mas ele, o Senhor Tempo, que tudo sabe, nada revela.
Ele apenas sussurra uma canção em meus ouvidos. Ele sussurra uma canção que não sei se e alegre ou triste.
Essa resposta apenas ele a detém por hora e não sei se desejo conhece-la...Mas conhecerei mesmo assim.
E não cessa a canção. O Senhor Tempo sussurra em meus ouvidos...
Tic tac tic tac tic ...

ruiv@

08 julho, 2006

Sonho?


Sonhos. Sonhos? Sonhos....


Perdida em pensamentos e sonhos me vi ao seu lado...
E como foi bom...
Só a sensação da sua presença já me inundou de alegria e paixão.
Em meu devaneio, pude novamente olhar dentro dos teus olhos e sentir o calor que emana deles.
Segurar suas mãos e sentir a segurança que elas me dão.
Sentir seus braços se cruzarem em minhas costas e todo o acalento e calma que só o calor da tua boca me traz.
E senti, no ato de ter tua carne junto a minha, a promessa da sua volta e naquele momento você estava ali, preenchendo o vazio imenso que sua partida deixou, pagando a promessa que me fez, tirando a mágoa do meu peito e colocando no lugar todo um desejo que beira o inacreditável.
Na sua imaginária presença, meu mundo se encheu de cores e formas diversas e novas.
E agora, novamente desperta, a única coisa antiga, conhecida e que reina soberana em mim e tua ausência que não deixa de ser presença.
O modo como você vem pelo ar, entra pelos meus poros, embaixo da minha pele, navega em meu sangue, penetra profundamente em mim, e por fim acha porto em lugar profundo...
Dentro da minha alma, dentro do meu coração.
ruiv@

Noite


Quando a noite cai e, com ela, os embustes e disfarces que o dia impõe, a rua é um santuário.
Um local sagrado onde pessoas solitárias saem em busca de mãos que possam ser tocadas e lábios que possam ser beijados.
Então, de repente, há um encontro.
Alguém cruza um olhar perdido em meio às luzes frias da noite e em meio à multidão de solidão que assola, se perde e espreita na escuridão.
Diversas cores de negro enchem o ar e corpos bailam ao som da muda canção.
Parceiros eternos de uma noite.
E se sentem felizes.
Um encontro de uma noite e a solidão por um momento se dissipa.
Aquela noite, àquela hora, eles são paixão.
Mas breve, muito breve, horas, minutos depois...eles já foram paixão e agora são pedaços de paixão, restos de saudades, lembranças de beijos e toques.
Mas, mais uma vez, são apenas infindável solidão.

Vou ficar aqui essa noite...
ruiv@

Observações

E nesses dias de silêncio, nesse tempo de ficar comigo, nessa hora de "valsa triste"... escrevo.

Observações

Para lhe mostrar o jeito fácil que é gostar de mim.
Você se esqueceu de ler as minhas instruções.
Esqueceu-se de vidar a bula.
Esqueceu-se de que sempre fui tua.
Esqueceu-se que o meu prazo de validade poderia te matar
se demorasse a me ingerir.
E os maus internos, que antes eu curaria,
agora, depois de vencido o prazo de validade,
só agravaria.
Poderia te corroer de forma lenta e dolorosa.
E assim fiz...
Esquecendo-me que,
mesmo depois de vencido o prazo de validade,
eu entrei em você
e acabei sofrendo a dor que era para ser só sua.
Ah! Se você tivesse lido a bula...
Lena Dimens_ruiv@